quarta-feira, 27 de abril de 2011

Entrevista concedia à Agência Sindical sobre a Conclat

Entrevista concedia à João Franzin, Coordenador da Agência Sindical sobre a Conclat - Conferência Nacional da Classe Trabalhadora.

Franzin - Erundina, você esteve na Conclat em 1981 na Praia Grande?

Erundina - Estive sim, porque sou uma das fundadoras da Centra Única dos Trabalhadores e do Partido dos Trabalhadores. Eu era sindicalista na época. Estar aqui hoje é muita emoção, poder ver quanto a luta dos trabalhadores continua viva e agora com um expressão de unidade muito importante.

Franzin - Deputada Erundina, em 1981, o Brasil vivia sob ditadura e o movimento sindical precisava pedir licença pra fazer reuniões. Como você vê essas mudanças pelas quais o Brasil passou?

Erundina - Mudou bastante. Muitos tiveram de pagar um preço alto nos exílios, com torturas, com desaparecimentos. Então, um patrimônio do povo brasileiro que precisa ser preservado, certamente, são os trabalhadores, organizados, politizados e unidos, com força para conseguir preservar conquistas, consolidar a democracia e ampliar direitos.

Franzin - A plenária de hoje deve aprovar uma Agenda, com cinco ou seis eixos básicos apontando para o desenvolvimento e distribuição de renda. O Brasil já está nesse caminho ou tem muito pra avançar?

Erundina - Ainda tem muito pra avançar. Os indicadores econômicos são importantes, o Brasil tem crescido, mas precisa distribuir essa riqueza, com política de distribuição de renda, com reformas estruturais que movam rumo ao desenvolvimento. E que todos tenham assegurados os seus direitos de cidadania. É com luta que a gente vai avançar e vai, evidentemente, colocar o Brasil no nível de civilidade, de democracia pra além da democracia política.
Precisamos de democracia social, democracia econômica, que dê direitos plenos para homens e mulheres, negros e brancos, sem discriminação e preconceito. E é isso, a meu ver, o que deve estar no centro desse debate e dessa mobilização.

Franzin - Erundina, você é uma deputada aliada dos trabalhadores, mas os trabalhadores não têm muitos aliados  no Congresso Nacional. É possível ampliar nossa bancada na Câmara e no Senado?

Erundina - É necessário. Infelizmente, somos minoria na Casa de Leis pra aprovar os interesses dos trabalhadores. E eu espero que nas próximas eleições se consiga ampliar essa base de representação no Congrosse Nacional.
A legislação é muito importante, mas infelizmente a gente não consegue aprovar a maioria das inciativas, seja do Executivo, seja do Legislativo, de interesse do conjunto dos trabalhadores e das trabalhadoras.

Franzin - O Brasil tem duas candidatas à Presidência da República. Isso é sinal de maturidade da democracia?

Erundina - Não tenho dúvida. É o avanço da luta das mulheres. Somos mais da metade da população brasileira, mais da metade dos eleitores, porém somos menos de 9% na Câmara dos Deputados. Mas, de qualquer forma, ter duas mulheres com a qualidade dessas candidatas e com chances reais de chegarem ao segundo turno, sem dúvida nenhuma, é prova de maturidade, de avanço e de conquistas dos trabalhadores e das trabalhadores brasileiras.

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