Quadro de 5,5 metros de comprimento foi instalado no corredor que dá acesso ao plenário
22 de janeiro de 2013 - João Domingos - Agência Estado
BRASÍLIA - Um painel em cores fortes e imagens chocantes
com várias modalidades de tortura praticadas durante o governo militar
(1964/1985) poderá ser visto a partir de agora pelos deputados na volta
ao trabalho e por todos os que visitarem a Câmara. O óleo sobre acrílico
tem 5,5 metros de comprimento por 1,6 metro de largura. Foi instalado
na entrada do corredor que dá acesso ao plenário, num local que recebeu o
nome de Espaço Rubens Paiva - o deputado que foi sequestrado e morto
pela ditadura em 1971.
A obra é do artista plástico e editor Elifas Andreato. Recebeu o nome
de "A verdade ainda que tardia", numa referência direta à inscrição da
bandeira de Minas Gerais - "Liberdade ainda que tardia ("Libertas Quæ
Sera Tamen", retirada pelos inconfidentes da primeira écloga do poeta
romano Virgílio). Foi doada no final do ano passado ao acervo permanente
da Câmara. Andreato a fez para a exposição "Parlamento mutilado:
deputados federais casados pela ditadura de 1964", que homenageou os 173
deputados que tiveram o mandado cassado durante o governo militar.
De acordo com informação de Elifas Andreato, o painel levou três
meses e meio para ser concluído num trabalho de cerca de 15 horas por
dia. Entre as cenas mais fortes mostradas pelo painel estão uma mulher
pendurado no "pau-de-arara", mulheres sangrando pela vagina, uma pessoa
afogada num balde, um homem sofrendo choques elétricos no pênis,
enquanto um torturador aperta parafusos numa espécie de "coroa de
Cristo" colocada em sua cabeça. Vários torturadores estão nus. Têm uma
arma no lugar do sexo.
Há ainda reprodução de fotos da presidente Dilma Rousseff no
tempo em que foi presa e torturada, Rubens Paiva, Carlos Lamarca, Carlos
Marighella e outras pessoas torturadas ou mortas durante o regime
militar. Na parte mais à direita do painel há uma homenagem ao movimento
"Tortura nunca mais", que catalogou os nomes dos mortos, torturados e
torturadores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário