O ano de 2012 começou agitado para os defensores da internet livre.
Inúmeras manifestações contra os projetos SOPA e PIPA, que tramitam no
Congresso americano para frear a pirataria na rede, correram o mundo. Os
protestos aqueceram o debate no Brasil em torno do Marco Civil da
Internet (PL 2126/2011), que começa a ser apreciado na Câmara dos
Deputados. Neste contexto, a Frente Parlamentar pela Liberdade de
Expressão e Direito à Informação (#FrenteCom) já programa seminários e
debates com a sociedade sobre o tema.
A coordenadora da #FrenteCom, deputada Luiza Erundina (PSB-SP),
explica que a intenção do grupo é conduzir o debate para que a nova lei
seja aprovada e, com isso, mantenha a liberdade de expressão na rede.
“Como a internet é um ambiente livre, temos medo que a regulação exceda
os limites da liberdade de expressão. Por isso, é preciso acompanhar
isso de perto”, explica.
O Marco Civil brasileiro indica os fundamentos, princípios e objetivos
do uso da rede, o que garante a proteção da privacidade do internauta e
de seus dados pessoais. O PL assegura aos usuários, por exemplo, a
inviolabilidade do sigilo da comunicação, exceto em caso de ordem
judicial para fins de investigação criminal. O projeto deixa claro
também que a liberdade de expressão nas comunicações é condição plena
para o exercício do direito à internet no Brasil.
O consultor de Social Media e integrante do movimento #Meganão, João
Carlos Caribé, explica que o PL 2126/2001 tem o apoio dos ativistas da
internet livre. “O Marco Civil é positivo. É considerado, inclusive, um
projeto anti-ACTA [acordo global que permite corporações censurarem
conteúdos distribuídos pela rede]. Mas é preciso conduzir sua aprovação
sem a interferência econômica das empresas de telecomunicações”, opina.
Um dos pontos de divergência entre os ativistas e os grupos de telecomunicações é a questão da neutralidade. Esse princípio garante que todos os dados que trafegam na internet devem navegar na mesma velocidade, o que permite acesso livre às informações. O parágrafo IV do art 2º do normativo coloca a neutralidade como um fundamento, mas estabelece a necessidade de regulamentação posterior. “Nós queremos essa garantia diretamente no Marco Civil”, explica Caribé.
Um dos pontos de divergência entre os ativistas e os grupos de telecomunicações é a questão da neutralidade. Esse princípio garante que todos os dados que trafegam na internet devem navegar na mesma velocidade, o que permite acesso livre às informações. O parágrafo IV do art 2º do normativo coloca a neutralidade como um fundamento, mas estabelece a necessidade de regulamentação posterior. “Nós queremos essa garantia diretamente no Marco Civil”, explica Caribé.
Polêmica - Com poucas discordâncias em torno do Marco Civil, a grande
briga do #Meganão fica em torno do PL 84/1999, que tipifica os crimes
cometidos na rede, considerado por ativistas, o PIPA brasileiro. Em
seminário realizado no ano passado pela Comissão de Ciência e Tecnologia
da Câmara dos Deputados, Erundina ouviu as críticas do Instituto
Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) em relação a proposta. Para o
Idec, o PL viola os direitos dos consumidores brasileiros e não garante a
proteção dos internautas nas relações comerciais.
Entre outras medidas, o PL 84/1999 prevê pena de um a três anos para
quem violar rede de computadores, dispositivos de segurança de
comunicação ou sistema informatizado.
PIPA: Sigla em inglês de Protect Ip Act, projeto em tramitação no Senado dos Estados Unidos que prevê o bloqueio de acesso a sites que distribuem conteúdos digitais considerados piratas
SOPA: A sigla SOPA (Stop Online Piracy Act) significa Lei de Combate à Pirataria Online. Basicamente, esse projeto de lei expande os meios legais para que os detentores dos direitos autorais possam combater o tráfico online de propriedade protegida e de artigos pirateados.
Marco Civil na Internet: PL 2126/2011, que estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para uso da Internet no Brasil.
* Liderança do PSB na Câmara - Comunicação - 08/02/2012
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