Agência Câmara - 05/12/2012
Depois de 104 anos de vida, o arquiteto Oscar Niemeyer deixa imortalizado um conjunto de obras espalhadas em todo o mundo. O reconhecimento internacional à genialidade do "mestre da arquitetura", no entanto, nunca diminuiu sua modéstia e simplicidade. Niemeyer nasceu em 15 de dezembro de 1907, no Rio de Janeiro. Foi aluno da Escola Nacional de Belas Artes e, em 1934, formava-se em arquitetura e engenharia. Em entrevista à Rádio Câmara, em 2005, Niemeyer contou a característica singular que deu ares revolucionários às suas obras arquitetônicas.
Oscar Niemeyer foi declarado Patrono da Arquitetura Brasileira através da Lei 11.117/2005 de autoria da deputada Luiza Erundina.
"A arquitetura que a gente faz é uma arquitetura mais livre, mais variada, a curva aparece muito, o concreto armado sugere a curva. O Le Corburiser, por exemplo, fazia o poema do ângulo reto. A gente faz o poema da curva. O concreto, muitas vezes, até impõe a curva, é a solução natural que aparece. Arquitetura deve ser invenção, porque quando as pessoas veem uma coisa que já viram outra antes, não têm interesse. De modo que, quando há espanto, quando há surpresa, é que a arquitetura está no bom caminho."
Esse "poema da curva" emoldura a capital do Brasil, que surgiu, nos anos 60, da parceria com o também arquiteto e urbanista Lúcio Costa e o então presidente Juscelino Kubitschek, logo após Niemeyer planejar e executar o complexo arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte.
"Eu trabalhei em Pampulha, com Juscelino, três anos, para fazer Pampulha. E Pampulha foi o começo de Brasília: os mesmos problemas de dinheiro, as mesmas angústias, as mesmas esperanças. E dez anos depois que Pampulha ficou pronta, Juscelino veio a minha casa e disse: 'Oscar, nós construímos Pampulha. Agora vamos fazer a nova capital. Eu fiz o que podia, naquela correria, e acho que Brasília foi bom. Quem mora em Brasília não quer sair de lá. Eu até me espanto e sinto isso com muita satisfação."
De todos os monumentos erguidos em Brasília, Oscar Niemeyer sempre manifestou predileção por um em especial: o prédio do Congresso Nacional, tombado pelo patrimônio histórico e artístico.
"O prédio que eu gosto mais de Brasília talvez seja o do Congresso. Quando Le Corbusier subiu a rampa do Congresso, ele parou e disse: 'Aqui tem invenção. E isso que é arquitetura.'"
Oscar Niemeyer também manteve, ao longo de seus 104 anos, fidelidade às ideias socialistas, que o levaram, inclusive, a um autoexílio durante a ditadura militar. A paixão pelo Rio de Janeiro também era indisfarçável.
"Eu sou do Rio. Eu sou aqui dessa esculhambação, dos assaltos. Já nos habituamos com esse clima que, infelizmente, continuamos a viver. Mas vamos mudar, um dia a gente muda essa merda."
Dois anos de antes morrer, Niemeyer ajudou a compor um samba autêntico, em parceria com seu enfermeiro Caio Almeida e o sambista Edu Krieger. O título é bem sugestivo: "Tranquilo com a vida".
O deputado Arlindo Chinaglia, que presidia a Câmara no ano em que o prédio do Congresso foi declarado patrimônio nacional, sintetiza a importância de Oscar Niemeyer para o Brasil.
"Creio que Oscar Niemeyer, rigorosamente, já é eterno."
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