09 de junho de 2013 - O Estado de S.Paulo
Em 1989, Luiza Erundina surpreendeu ao vencer o favorito
Paulo Maluf na eleição para a Prefeitura. As surpresas continuaram em
seu mandato, principalmente depois que ela prometeu "tarifa zero" para o
transporte, bandeira levantada hoje pelo coletivo Passe Livre. Quase um
quarto de século depois, Muro de Berlim no chão e o fim da União
Soviética, a ex-prefeita e atual deputada federal continua defendendo a
medida. "A tarifa zero seria uma maneira de socializar os custos dos
transportes. Em vez de ser pago só pelo trabalhador, seria dividido e
arcado pela sociedade."
Ela conta que não conseguiu tirar planos do papel porque não garantiu
maioria na Câmara e foi boicotada pelo próprio partido, o PT. "Faltou
apoio político".
Nos planos da ex-prefeita, a tarifa zero seria bancada por meio de um
aumento na alíquota do IPTU de imóveis próprios e alugados. "É uma
medida inovadora e criativa, diferente das políticas tradicionais", diz.
Ela afirma que a tarifa livre não seria promovida pelos subsídios
municipais. Na estimativa do prefeito Fernando Haddad, a Prefeitura
precisaria investir pelo menos R$ 6 bilhões em subsídios. A ex-prefeita
não sabe dizer quanto seria necessário aumentar nas tarifas de IPTU.
"Foram feitos estudos na época."
Erundina afirma que ainda não conseguiu convencer as prefeituras do
PSB, seu atual partido, a implementar a medida em cidades que
administra, como Belo Horizonte, Recife, Fortaleza, Cuiabá e Porto
Velho. "Acho que o PSB pode se abrir ao projeto. É preciso calcular o
impacto na economia, não é uma estratégia simplista." Para a deputada,
os protestos do Movimento Passe Livre estão servindo para retomar a
discussão. Mas ela lamenta excessos e vandalismo. "Não pode porque aí o
movimento perde a razão." /B.P.M.
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