quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Luiza Erundina questiona proibição de sua visita a centro de tortura no Rio de Janeiro

    André Abrahão   
Erundina lamenta atitude do exército em proibir visita de parlamentares
 
“A impressão que temos é que as liberdades democráticas não estão em vigência”. Com essas palavras a deputada Luiza Erundina (PSB-SP) repudiou, nesta quarta-feira (18), de forma veemente, o veto do Exército Brasileiro, à sua pessoa, para visitar o Doi-Codi do Rio de Janeiro. O local era um centro de tortura usado pela instituição durante a ditadura militar e fica no 1º Batalhão da Polícia do Exército, na Tijuca.

Erundina, que é presidente da Subcomissão da Verdade, Memória e Justiça da Câmara dos Deputados, iria participar da visita ao local, juntamente com os senadores da subcomissão da Verdade, Memória e Justiça da Comissão de Direitos Humanos do Senado, João Capiberibe (PSB-AP) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). “Acho isso um absurdo! Não estamos no regime militar e esta é uma atitude de quem ainda vive com a cultura e a visão daquela época”, lamentou a deputada.

A visita, que estava prevista para a próxima sexta-feira (20), em acordo com o Ministério da Defesa e o Comando do Exército, não deve acontecer. O veto à Luiza Erundina, uma guerreira declarada na busca pela justiça das vítimas da ditadura, foi a gota d’água. O senador Capiberibe vai se reunir, ainda hoje, segundo sua assessoria, com o ministro da Defesa, Celso Amorim, para agradecer ao convite e comunicar o cancelamento da visita.

Em decorrência de toda polêmica, o Senado vai colocar em votação, também nesta quarta, requerimento de autoria de Randolfe, que aprova visita de um grupo ao Doi-Codi. No texto, os nomes dos integrantes da comitiva não poderão sofrer interferências do Exército, inclusive da deputada Luiza Erundina. A ida à unidade militar já havia gerado tensão em 21 de agosto, quando integrantes da Comissão Estadual da Verdade do Rio foram impedidos de entrar no prédio.

A comissão pretendia conhecer o prédio para pedir seu tombamento e transformação em centro de memória. “Isso tudo interfere no que estamos fazendo no Brasil para buscar a verdade sobre os fatos. É absolutamente arbitrário um que um general do exército chegue ao ponto de interferir no poder legislativo”, concluiu Erundina.

Fonte: Liderança do PSB/Rhafael Padilha

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