De acordo com a deputada federal, havia uma expectativa muito grande de que os líderes de movimentos sociais da periferia fossem ouvidos na hora de escolher os subprefeitos.
A ex-prefeita de São Paulo, Luiza Erundina (PSB-SP), passou muito perto de ter sido a vice de Fernando Haddad.
O acordo estava fechado, mas ela mudou de ideia depois que o prefeito apareceu sorrindo ao lado de Paulo Maluf.
Nessa entrevista ao Brasil Econômico, ela lembra das dificuldades que teve com o próprio PT para governar.
Como avalia o perfil do secretariado de Fernando Haddad?
Não conheço as pessoas e não sei qual foi o critério de escolha. Ainda é muito cedo, mas tenho ouvido muitas queixas de líderes de movimentos sociais da periferia.
Havia uma expectativa muito grande de que eles fossem ouvidos na hora de escolher os subprefeitos.
Também acho incompreensível que a habitação tenha ficado nas mãos do grupo do (ex-prefeito) Paulo Maluf.
Esse seria o preço da governabilidade. Como foi a sua relação com os vereadores quando era prefeita?
Eu tinha minoria na Câmara dos Vereadores, na sociedade e ainda enfrentava o próprio PT, que não dava respaldo para a administração.
O partido, que na época era presidido pelo Rui Falcão na capital, fazia mais oposição que os próprios opositores. Não foi fácil. Todo projeto tinha resistência do partido.
A reforma do autódromo de Interlagos é um exemplo. O PT queria usar o lugar para fazer moradias populares.
O aumento do preço das passagens de ônibus será a primeira medida amarga do governo Haddad. Isso é inevitável?
Não vejo outra maneira de arcar com o custo do sistema. No modelo atual se paga por passageiro transportado, sendo que o ideal seria pagar por viagens realizadas. Isso levaria ao aumento das unidades.
Da forma como está, o empresário superlota para ganhar em cima da tarifa. O transporte é um insumo da produção e, portanto, deveria incidir sobre o custo do serviço.
O que mudou em São Paulo desde que a senhora foi prefeita, no fim dos anos 80?
A condição de vida da população melhorou, mas os problemas estruturais da cidade são os mesmos. Os equipamentos públicos deixam a desejar e os serviços não cresceram na mesma medida que a cidade.
Os CEUs, por exemplo, mostram que os últimos governos não viram a educação de forma articulada com esporte e lazer. Não há uma política cultural.