sexta-feira, 22 de março de 2013

A Toalha de Erundina

Por Gilberto Marques* 
(advgilbertomarques@hotmail.com)

Ser vice não é fácil. A história está cheia de exemplos. A lua de mel da vitória dura pouco, é comum. O ciúme é fraternal, umbilical, intestino. O adversário fica longe, na trincheira. O companheiro tem uma espécie de sociedade conjugal.

No episódio atual, Lula inventou Haddad e talvez dê — dê é o que não falta. O PSB de Eduardo ofereceu Erundina de bandeja e deu no que deu. A paraibana foi, viu e desistiu de vencer. A qualquer custo NÃO! Pensou Luiza, no compasso de Jobim.

Ela sabia e poderia imaginar o abraço lulista no Paulo de São Paulo. Acho que até imaginara. Religiosa na origem — freira católica no passado, cristã militante, ainda, rezou, pediu a Deus, acreditou nas orações e pagou pra ver. Viu o que todos vimos.

O Poder Local é cheio de miudezas. Apesar do PIB paulistano, da metrópole populosa, do engarrafamento e do Tietê, todo município é vicinal. Nesse contexto, PT e Maluf juntos, nem pensar. No abc de Lula, quibe se come frito e fritura faz mal.

O rótulo malufista nasceu com a primeira sílaba. Desde os primórdios, já no batismo, era do mal. Lula, por sua vez, fez carreira como paladino da justiça, defensor dos fracos e oprimidos. O próprio bem. Na composição junina de 2012 veio o abraço do bem e do mal. Luiza Erundina chamou o feito à ordem e correu do sanduíche.

Não deixou, pois, seu sonho, seu discurso, seu passado virar presunto.

Abriu mão de privilégios, da perspectiva de mais poder, do caminho da volta. Deu um exemplo raro.

O diabo só existe porque há o pecado e o pecador. Uma coisa é certa: Maluf não fica no veto. Tem voto pra dar e vender. Tem gente assim que vota com ele, notadamente na terra do santo xará. Apesar da próstata, continua firme e forte na aventura de ser quem é. Lépido, gordo e risonho, conta lorota e confere o extrato das contas, em vão perseguidas.

Na eleição vindoura é Paulo para paulista nenhum reclamar — é pauleira! De tanto gritar “é pau, é Paulo”, Lula ficou rouco. Não há Serra que não quebre. Pra ganhar, vai ter muito o que amolar.

Erundina, todavia, ao contrário de Pedro — o primeiro, disse “não fico” e foi-se. Cortou o barato da galera e PT saudações. PP não, PP não — cantou Luiza.

* Gilberto Marques é advogado, atua no Recife – PE, no âmbito da Comissão Estadual da Verdade.

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