terça-feira, 29 de abril de 2014

Debate sobre os “50 anos do Golpe de 1964 – Continuidades e Rupturas” no DIEESE




No dia 24 foi realizado no auditório do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – DIEESE –, a segunda mesa de debates sobre os “50 anos do Golpe de 1964 – Continuidades e Rupturas” que teve como objetivo discutir o período vivido sob a ditadura militar no Brasil e os reflexos que se estendem até os dias atuais. 
Assista à fala da dep. Luiza Erundina clicando aqui
Participaram da mesa de debates, que tratou do tema Comissão da Verdade, a prof. Rosalina Santa Cruz, membro da Comissão da Verdade “Reitora Nadir Kfouri”, PUC/SP, Amelinha Teles, membro da Comissão Estadual da Verdade “Deputado Rubens Paiva”, e a deputada Federal Luíza Erundina de Souza, membro da “Comissão Parlamentar Memória Verdade e Justiça” da Câmara dos Deputados.
As expositoras discorreram sobre a violência do golpe militar que, segundo avaliaram, se estende até os dias atuais com a impunidade daqueles que praticam crimes contra os cidadãos como maus-tratos, torturas, violação, mortes, sequestros, ocultação de cadáveres etc.
A impunidade, sob o pretexto de que a Lei da Anistia é a lei da reconciliação da sociedade brasileira, é inadmissível já que crimes como tortura, assassinatos, ocultação de cadáveres quando cometidos por agentes do Estado, são atentados contra a humanidade e, portanto, imprescritíveis, arguiu a deputada Luíza Erundina, no que foi acompanhada pela demais debatedoras.
Os sequestros cometidos (nossos desaparecidos) já foram objeto de decisão da justiça que reconheceu o caráter de crime continuado e, assim, não há prescrição ou anistia a seus autores uma vez que os restos mortais das vítimas nunca tiveram seus paradeiros revelados e/ou foram localizados por seus parentes.
A violência policial dos dias atuais decorre, em grande medida, da impunidade de seus autores que, quando respondem a processo pelos crimes cometidos são julgados pelos tribunais militares, ao contrário do que se verifica em todos os demais países democráticos. A própria existência da polícia militar é a marca viva do autoritarismo da ditadura que se estende aos dias atuais.
A existência da autoanistia imposta pelos militares enseja situações em que réus confessos de crimes hediondos, como foi o caso do Cabo Anselmo e, recentemente, do Coronel Malhães, permaneçam impunes, a despeito dos depoimentos sardônicos prestados pelos mesmos.
Portanto, a necessidade de que se proceda a uma profunda reinterpretação da chamada Lei da Anistia, é verdadeiramente uma necessidade política de amplo espectro que transcende em muito o clamor de justiça da família e amigos diretamente envolvidos. Vide o PL 573/2011 de autoria da deputada.
(No final do debate, chegou a notícia do possível assassinato do Cel. Malhães um mês depois de seu testemunho às Comissões da Verdade o que é, no mínimo preocupante, já que se trata da segunda morte de envolvidos com as torturas da ditadura.)
Por fim, os depoimentos das debatedoras foram entremeados de testemunhos oculares do período comumente chamado de anos de chumbo.
Texto e foto: Assessoria Erundina

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